24.5.09

RELATÓRIO E CONTAS

Para a época que agora finda, impõe-se, como em todas, o respectivo balanço.
Olhando para a classificação final (8º classificado) não foi uma época boa, não tendo sido certamente uma época péssima, atendendo sobretudo àquilo a que, infelizmente, a nossa História nos vem habituando (sendo esse, naturalmente, o padrão de comparação que devemos utilizar).
No entanto, olhando para aquilo que podia ter sido a nossa época, então aí digo o que tenho repetido por diversas vezes, terá sido a pior época de sempre.

É certo que a bola entrou em Basileia, é certo que fomos roubados (cá, lá e pelo caminho), mas é também certo, e agora já unânime nos comentadores vitorianos, que a Direcção não fez tudo o que devia ter feito e estava ao seu alcance fazer, na perspectiva de preparação atempada e cuidada da época que agora termina e que podia ter sido a mais importante da nossa História, tendo acabado por ser mais uma igual a tantas outras.
Esse é o facto que quero deixar registado, e que quanto a mim mais marca a época (o não apuramento para a Liga dos Campeões e os erros na preparação da época) porque me vai custar a esquecer e perdoar, não por ser mauzinho mas apenas pela rara, raríssima, oportunidade que tivemos, e não soubemos aproveitar.
Por tudo isto, este é o facto que marca o início da época. O roubo de Basileia e o nosso não apuramento.
A seguir a este momento marcante e que obviamente deixa a equipa de rastos, entramos no campeonato mancos e desanimados, postura que se reflectiu igualmente no apuramento para a fase de grupos da Taça UEFA (agora Taça Europa, sobre a qual ainda vou querer reflectir em momento oportuno). Defrontamos uma equipa que apesar das diferenças orçamentais estava ao nosso alcance (não tanto quanto o Basileia que é uma espécie de Naval ou Académica, mas ao nosso alcance, demonstrável pelos 3-0 que levou em Braga). Sentiu-se isso em Portsmouth, e sobretudo sentiu-se isso cá num jogo em que, enquanto quisemos e pudemos, empatamos a eliminatória e só não marcamos o terceiro por uma inexplicável falta de ambição por parte do treinador (empatada a eliminatória remeteu-se à defesa) e por uma ainda menos explicável incapacidade física.

E este último facto, os índices físicos da equipa, particularmente notados na eliminação frente ao Portsmouth, são um dos factos da época e que de maior reflexão carecem.
Vejamos: o VItória é um clube com menores recursos financeiros do que aqueles que seriam necessários para os vôos para que todos sonhamos o nosso clube. E inventar dinheiro não é fácil. Guimarães é uma cidade com 60.000 habitantes e o Vitória um clube com mais de 30.000 sócios (embora aqui o número a considerar devam ser os 160.000 habitantes do concelho), pelo que não é fácil combater com aqueles que apresentam números de outra dimensão. Em face disto, há algumas coisas em que não podemos manifestamente falhar, e essas são aquelas em que podemos ser iguais aos outros. Ora, uma dessas coisas é indubitavelmente a preparação física.
Até porque não é admissível um índice tão elevado de lesões do foro muscular numa equipa profissional, como sucedeu connosco esta época. Nem é admissível que sejamos eliminados sucessivamente (Portsmouth e Sporting na Taça da Liga, apesar de termos perdido nos penaltys) por manifesta incapacidade física da equipa. Podemos ser piores, mas mais rotos é que não. E responsáveis tem que haver em todas as áreas e não apenas nas mais visíveis
Sou da opinião que um clube como o Vitória deve investir particularmente nos preparadores físicos, é preferível um jogador a menos no plantel e uma equipa técnica, ao nível da preparação física do plantel, de topo, com gente que saiba e seja capaz de pôr os jogadores do Vitória com indíces competitivos do ponto de vista físico ao nível dos melhores da Europa. Com este pequeno mas em minha opinião decisivo investimento, o Vitória consegue num ponto de vista tantas vezes decisivo em jogos e eliminatórias, melhor disfarçar as carências advindas da menor qualidade do plantel.
Penso ser esta uma questão estratégica fundamental.

A seguir a isto, ao sumo da época, tivemos uma época irregular, titubeante, sem chama, quase a cumprir calendário.
O momento mais curioso, foi pela primeira vez termos visto um jogo no D.Afonso Henriques com o relvado (pelo menos parcialmente) coberto de neve. Uma mera curiosidade mas ainda assim um facto a registar. Foi em 10.01.2009 (0-0 contra o E.Amadora numa exibição fraquíssima).

O momento mais entusiasmante foi a vitória, merecida, na Luz, que ainda nos deu algumas esperanças quanto à possível qualificação europeia que em bom rigor sempre esteve muito longe de ser alcançada dada a regularidade do Nacional e Braga. De qualquer forma, mesmo sem sabermos, na altura, que esses adversários fariam o seu papel, nós encarregamo-nos de nos auto-excluir de qualquer possibilidade de apuramento, ao não conseguirmos ganhar os jogos que dependiam de nós e que tínhamos que ganhar se queríamos realmente atingir um lugar europeu.
Não fomos por nossa culpa, apenas.
Fomos incapazes. E essa é um pouco a estória da época.
Quanto a jogadores e sem pretender uma análise que é necessária (para preparação da próxima época) mas que deve ficar para momento ulterior, e mesmo sem saber quem ganhará a votação das velhas glórias para melhor jogador 08/09 (e ainda sem saber o resultado das minhas próprias votações), eu pronuncio-me já quanto àquele que creio ter sido - notóriamente - o melhor jogador do Vitória 08/09.
E esse, quanto a mim, só pode ser um: NUNO ASSIS.
Claramente o melhor jogadordo plantel, aquele que está, de forma notória, (pelo menos) um furo acima de todos os demais, um jogador que joga e faz jogar, enfim, um artista da bola. Tiveramos os 11 tabelados por esta bitola e a nossa estória teria certamente sido outra. Aliás, tiveramos este Nuno Assis desde início da época e a estória também poderia, apesar de tudo, ter sido outra.

Ainda neste capítulo é inevitável e justo referir as apostas nos novos valores.
Este treinador é claramente um conservador no que toca a mexer na equipa e a apostar em novos valores (fez aquela aposta inacreditável, pela sua inconsequência, no Vítor Bastos), até porque só aposta neles para tapar buracos e raramente de forma sustentada.
De qualquer forma e no que respeita à Direcção, nota-se claramente que há uma louvável intenção de apostar em valores da terra, em valores da nossa formação. Não apenas pela importante contratação do Custódio, como pela sempre falada tentativa de contratação do Alex, como ainda e sobretudo pela entrada do Lucas e do Dinis, dois jovens dos nossos escalões de formação e que tiveram a sua oportunidade de se mostrarem (e pelo que ontem se viu, o Dinis é jogador com muito futebol nos pés, a quem a bola não atrapalha mesmo em situação de aperto).
Ou seja, com o Moreno, o Flávio Meireles, o Custódio e o Tiago Ronaldo no plantel, com as apostas, ainda que pontuais, no Vítor Bastos, no Lucas e no Dinis, fazem deste um dos plantéis com mais jogadores da nossa formação. E esse facto merece ser aqui registado. Como um mértio, sobretudo, da Direcção. Deixando aqui votos na sequência dessa aposta, em plantéis futuros.
Depois os inevitáveis e indefectíveis adeptos. Aqueles que, como disse num post aqui escrito nos dimensionam bem acima da nossa valia desportiva. Refiro-nos não por que o apoio tenha sido mais significativo este ano, ou porque tenhamos batidos recordes de médias de espectadores (que creio não o termos feito), mas essencialmente por termos ultrapassado a marca absolutamente Histórica dos 30.000 sócios, acompanhada da marca das 20.000 cadeiras.
É certo que não há revisão de cartões há alguns anos, mas é também certo que a ultrapassagem deste número é absolutamente Histórica e deve assinalada de forma muito particular. Mérito, creio que partilhado, entre esta direcção e a anterior (ou talvez o maior mérito seja mesmo do ocaso da antecedente), mas trata-se de um objectivo que a Direcção, com algum arrojo, apontou para este ano, e que pelos números foi cumprido.
Estamos todos por isso de parabéns!
Foi também perante estes mesmos adeptos, cada vez pior tratados pelas forças policiais do Estado, e em sua defesa, que a Direcção teve uma excelente atitude após o lamentável comportamento da PSP na nossa deslocação ao Leixões; e que já agora, permitam-me o registo da curiosidade, se tratou também de um bom momento para o nosso blogue, em termos proféticos, uma vez que depois de nos termos aqui pronunciado relativamente a uma determinada atitude que deveria ser tomada, a Direcção do Vitória tomou esta atitude, o que só lhe ficou bem a ela, Direcção, e em nós deixou a felicidade da coincidência de pontos de vista.

Para terminar este "jornal do ano" que já vai extenso, apenas um registo de que tenham servido os ENORMES erros do passado, particularmente da pré-época e da sua deficiente preparação, para que este ano, e nos próximos, não sejam cometidos os mesmo erros.
Porque nós, vitorianos, temos a legítima pretensão e expectativa de vermos o nosso clube subir paulatinamente degraus rumo à sua maior relevância no futebol nacional, afirmando-se como 4º grande (bom passo se deu, com a descida do Belém, para recuperar os 211 pontos de atraso no «Campeonato dos Campeonatos» em relação ao Belenenses, 4º nesse ranking) e afirmando-se definitiva e progressivamente na cena internacional, tornando-se um habitué nas fases de grupos da agora Taça Europa para que de futuro, quando um ano corra melhor, quem sabe podermos aspirar a mais.
Mas o caminho faz-se caminhando, e faz-se muito melhor se dermos os passos certos, porque uma coisa é certa e para isso tem a Direcção que estar preparada,
NÓS...

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publicada por Paquito @ 11:16  

8 Comentários:

  • Às 25 maio, 2009 11:02 , Blogger Unknown disse...

    Subscrevo!
    Linha por linha!

     
  • Às 25 maio, 2009 13:02 , Blogger Ernesto Paraíso disse...

    Belo comentário, sem dúvida, acerca da época futebolística do Vitória, apesar de uma ou outra "gralha" (este ano não fomos eliminados pelo Sporting da taça da Liga, onde até nem estivemos mal, uma vez que fomos às meias finais)

    No fundo, retiro da época uma lição: a alma dos vitorianos é maior que a sua carteira, e isso será sempre um óbice a atingirmos aquilo com que sonhamos

    Talvez um dia, com imaginação, lá possamos chegar.

     
  • Às 25 maio, 2009 23:55 , Blogger Miguel disse...

    Estou como o N´dinga!
    Apenas acho que o Paquito poupou o treinador.

     
  • Às 26 maio, 2009 10:08 , Blogger Jeremias disse...

    De uma forma geral estou bastante de acordo com a análise do PAQUITO.
    Penso que tocou em todos os pontos essenciais desta má temporada do Vitória.
    Reforçaria apenas um.
    O senhor Cajuda.
    Que foi,do meu ponto de vista,um dos maiores responsáveis do insucesso.
    Convém recordar as suas declarações de inicio de época avalizando o plantel e até afirmando que tinha melhor equipa que na temporada anterior.Chegou a dizer que o Alan (Fifa World Player 2008) não fazia falta porque o Luis Filipe bla,bla,bla.
    E mesmo quanto todos já tinhamos percebido que a equipa não tinha gabarito para um apuramento europeu ainda o senhor Cajuda falava disso com grandes doses de optimismo.
    Houve até uma altura em que me fez lembrar o "extinto" Vitor Magalhães a falar de Europa e nós a caminho da II Liga !
    Depois o senhor Cajida foi mudando de discurso e lá para Janeiro já fazia umas enigmáticas declarações sobre "...porcaria..." como todos estarão lembrados.
    Mas uma coisa foi constante:
    A falta de qualidade exibicional, a falta de ambição da equipa, a falta de arrojo do treinador.
    É verdade que em Basileia a bola entrou e de formas legal.
    Mas até esse ultimo minuto que fizemos para merecer passar a eliminatória ?
    Ou com,como lembra bem o PAQUITO,o Portsmouth á beira do KO (o 3-0) porque razão a equipa recuou e deu azo á recuperação da banal equipa inglesa ?
    Pois é.
    Falta de coragem do sr Cajuda.
    Que,aliás,passou a época a lembrar-nos que tinha apanhado o Vitória na II lIga(como se alguma vez nos esquecessemos disso)e o seu amor ao...Benfica !
    Finalmente os jovens:
    O senhor Cajuda gosta muito de dizer que lança jovens.
    Só se forem brasileiros contratados pelo amigo Vasco Santos.
    Porque em relaçãos jovens portugueses a sua gestão desportiva foi danosa.
    Vitor Bastos lançado aos leões(literalmente) na primeira parte do jogo de Alvalade e depois desaparecido em combate.
    Lucas, que ia ser o substituto do lesionado Douglas,teve duas curtas oportunidades e...desaparecido em combate.
    Tiago Ronaldo.
    E aqui tenho de dizer o seguinte.
    É completamente inaceitável o que Cajuda fez a este jovem.
    Dois anos (DOIS) no plantel sem uma oportunidade que fosse na I Liga.
    Mesmo esta época em que andamos há dois meses a cumprir calendário.
    Pois nem assim.
    Agora no ultimo jogo nem para o banco foi.
    Mas lá estavam os prometedores Carlitos, Luis Filipe e Wénio.
    A forma como Cajuda tratou Tiago Ronaldo ou é incompetência ou má fé.
    Não tem outro nome.
    Porque pegar num jovem saido dos juniores e tê-lo dois anos sem jogar é, em termos de gestão de activos de um clube ,o mais perfeito disparate.
    Especialmente quando se vão dando oportunidades a jogadores em fim de carreira que não ficarão no Vitória.
    Por mim,e assim termino, Cajuda não deve continuar no Vitória.
    A sua continuidade será um erro que pagaremos caro.
    A

     
  • Às 26 maio, 2009 15:48 , Blogger CASCAVEL disse...

    Completamente de acordo.
    Naquela que podia (e devia, porque existiam todas as condições...) ter sido a época de ouro do VITÓRIA, em vez disso, mais uma vez, houve antes um tremendo "falhanço".
    E falhou, em primeiro lugar, como é evidente, a Direcção que não soube preparar, com o cuidado que era exigido, a temporada mais importante da história do clube e depois falhou, "coladinho" à Direcção, o treinador Manuel Cajuda que, mesmo com as imensas lesões que assolaram o plantel e o "roubo" de Basileia, não soube gerir convenientemente a temporada, cometendo um chorilho de dispartes, quer nas (quase sempre más) opções que tomou ao longo da temporada quer, sobretudo, na postura e discurso assumidos.
    Daí que, a próxima caminhada, de que fala o PAQUITO, não pode ser "comandada" pelo Cajuda.
    Ele, este ano, pelo que (não) fez, não merece fazer parte do nosso futuro imediato.
    A Direcção, pelo que também não fez e devia ter feito, terá, ainda assim, uma segunda oportunidade para "mostrar o que vale". O "julgamento final" para ela, no entanto, já está agendado, uma vez que as eleições terão lugar em meados de 2010.
    Entretanto, e isso é que verdadeiramente "dói", lá perdemos (mais) uma oportunidade do tal salto em frente que se reclama ao 4º clube com maior potencial em Portugal, com a agravante desta ter sido a única que verdadeiramente não poderiamos ter desperdiçado.
    Nós, para o ano, como sempre acontece, cá estaremos e "QUEREMOS +", não sei é se vão ser criadas as condições para que tal aconteça.
    De uma coisa tenho a certeza, o caminho não se avizinha tão fácil como o da temporada que agora termina.
    Pode ser que as dificuldades agucem o engenho.
    Só nos resta acreditar.

     
  • Às 26 maio, 2009 16:53 , Blogger Vitoria1922 disse...

    Excelente, subscrevo tudo.

     
  • Às 26 maio, 2009 23:02 , Blogger Gregório Freixo disse...

    O que esta época tem de curioso é que, não fora a questão da Champions, esta época poderia bem ter sido a prova do crescimento do Vitória.
    Explico-me.
    Não há clube nenhum no mundo que tenha sempre sucesso. Todos eles, uns mais que ouros, naturalmente têm épocas más. Ora, o que distingue os clubes bem geridos dos outros, são duas coisas: por um lado, os primeiros têm muito menos épocas más do que os outros; mas por outro e aqui é onde quero chegar, as épocas más dos primeiros nunca são muito más. Fica-se abaixo do desejado, mas não escandalosamente abaixo. Exemplo: Quantos campeonatos perdeu o Porto nos últimos 20 anos? Poucos, mas alguns. Mas desses, quantos foram abaixo do 2º? Que me lembre, nenhum.
    Ou seja, fosse esta uma época normal, e (constituindo ela a excepção, obviamente) até poderia ser a prova da nossa consolidação. Não tínhamos conseguido os nossos objectivos mas (ao contrário de tantas outras épocas) não andou o Vitória a arrastar-se pela parte final da tabela.
    O problema é que esta não era uma época normal. Esta era A ÉPOCA. Era a época do "vai ou racha", do grande salto em frente.
    Ora, que se tenha agido de forma tão amadora, tão desastrada, tão, perdoem-se-me a expressão, estúpida, é imperdoável. E a responsabilidade, vamos ver se nos entendemos, não é partilhada por igual entre todos, mas acima de tudo ela é de uma entidade: da Direcção. Há outros responsáveis? Há. Mas tudo o resto são actores menores ao pé de quem nos dirige.

     
  • Às 27 maio, 2009 09:28 , Blogger Fredrik Söderström disse...

    Excelente post....
    Está tudo dito, venha mais uma pré-época para confirmarmos se o VS é quem manda no clube ou não!
    Concordo com a crescente aposta na "prata da casa", mas esperamos é que não continue a suceder o que lembrou o Jeremias...

     

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