2.3.06

Uma estória engraçada com “intervalo” feliz!!!

Sábado, seis da manhã, e depois de ter erguido bem alto a bandeira do Vitória na especial do Rali da Povoa, arranca o “Pedrinho” Mendes, rumo ao Aeroporto da Maia, trajado a rigor, para embarcar rumo à ilha das flores! Já no Aeroporto do Norte, alguns cachecóis do D. Afonso já por lá vagueavam, como que a dizer:”Pedrinho” não estás sozinho!
Viagem terminada, chegada ao hotel, almoço e eis que me surge o primeiro problema: o caminho para a Choupana!!! Na recepção indicaram-me no mapa a estrada de acesso e depois uma bolinha a caneta feita pelo prestável “madêrense” no meio do monte, e ainda uma frase bastante auxiliadora:”acho que fica por aqui” !
- “Oh chefe, tá-me a querer dizer que a estrada de acesso ao estádio nem no mapa aparece?”.
-“Ora bem, - responde o simpático personagem, aquilo não é bem uma estrada, é mais um caminho, mas chegando lá pergunte que toda a gente sabe onde fica”
Pego eu no meu Fiat Panda GTI TDI RS 36V, que em algumas subidas “exigia”que eu metesse 1ª e que desligasse o Ar Condicionado para as galgar e arranco em direcção à Camacha! Depois de várias perguntas a transeuntes, e respostas do género:” não é para estes lados” ou “ui, isso é muito longe” ou ainda ”oh amigo, nem que ficasse aqui uma hora lhe conseguia explicar”, resolvo dar meia volta e paro numa berma onde três idosos comercializavam bananas e batata-doce! Depois de uma cena hilariante, quase a roçar o pugilato, em que cada um dava instruções mais alto que o outro, lá chegaram a acordo, e disseram-me a seguinte memorável frase ”desça por esta estrada aí uns 3 kms, e vai encontrar uma placa a dizer “campo de futebol”. Vira aí e anda uns 2 kms e encontra o estádio”. Genial!!!
Viro na tal placa um bocado receoso e apanho o famoso caminho por entre choupos, em que dois carros maiores que o meu enorme Panda seguramente não se cruzam! Por entre os choupos, lá consigo desvendar as torres de iluminação do campo de futebol, e numa manobra digna do Collin McRae, com recurso a travão de mão e tudo, lá consigo enfiar a minha bomba pelo acesso principal ao parque de estacionamento (máximo 30 lugares)!
Gente boa aquela, que na primeira incursão ao tasco do clube, me ofereceram logo uma cerveja pelo Vitória ter ganho ao Marítimo!
Chegada da equipa, e assim, espontaneamente, vindo do nada, numa demonstração única de amor clubistico, forma-se um cordão humano de 7 pessoas à volta da camioneta, entre as quais uma criança, a brindar os nossos jogadores com palavras de incentivo! Bonito momento aquele, em que me orgulho de poder dizer: “Eu estive presente”!
Entrada no estádio sem confrontos com a policia, apesar da embriaguez latente dos adeptos e policias, que antes tinham estado em alegre convivência na barraca da cerveja Coral (passe a publicidade), e a imagem que ficará guardada por muitos e bons anos na minha memória. Num delírio próprio de um génio da arquitectura, ergue-se à minha frente uma obra de engenharia que faria corar de vergonha o Souto Moura e o seu sambodromo de Marrocos! Imaginem que ali, optaram por fazer SÓ uma bancada lateral, pelo que, se o jogo estiver a ser fraco, podemos sempre deliciar-nos com as vistas, por entre os choupos é certo, do Oceano Atlântico. Liguei de seguida ao Rui Alves, e disse-lhe: “Oh Quinhentos (alcunha pela qual o homem é conhecido por lá, derivado às “gorjas” de 500 “melreis” que naquele tempo já deixava), porque não mudas o nome desta gamela, para “Estádio Varandas do Atlantico”?
“É bem pensado, diz o “Quinhentos”, mas será que os sócios vão gostar? Olha, eles que se f****, ripostou logo de seguida, só tenho que perguntar à minha mulher, alta, loira e espadaúda, com sotaque abrasileirado e queda para varões, a ver se ela gosta!
Começa o desafio, e as gentes vitorianas brindam os presentes com os enormes cânticos de apoio do nosso clube, tudo em perfeita sintonia, com holas mexicanas à mistura e tudo. Abafamos completamente os bombos e as vozes histéricas da claque feminina nacionalista! Lindo!!!
Golo do Vitória com samba à mistura, já a preparar a noite de Carnaval típica da Madeira, que depois os cariocas, com a sua mania das grandezas resolveram copiar! Bonito! Nisto a malta esmorece um bocado com o golo do “Chili” e vem o intervalo!
Grande discussão logo atrás de mim, de dois sujeitos com aquele delicioso sotaque madeirense! “São dois penalties roubados” dizia um. “Não percebes nada de bola” dizia o outro! Resolvo intervir, quando reparo que um deles trazia aquela famosa camisola do Vitória da John Smith e o cachecol que diz “Portugal é Guimarães e o resto são conquistas!
- “ O Sr. é do Vitória”
- “ Sou, sim senhor”
- “ É que tem sotaque madeirense. Já deve cá viver há uns anos”
- “ Eu nasci na Madeira. E o meu filho- apontando pró lado- também é Vitoriano e nascido e criado na Madeira!
- “ Mas tem família em Guimarães, amigos?”
- “ Porra, não tenho nada – diz o homem já um bocado chateado- sou do Guimarães, como podia ser porto ou do benfica” Nisto tira o cartão de sócio 16 mil e qualquer coisa, e refere que na próxima vez que venha ao continente vai inscrever o filho também!
A partir daí, já pouco tinha interesse, porque a descoberta foi IMENSA!

Viva o Vitória, e um abraço especial aos Vitorianos espalhados pelo mundo!

Ainda de referir que não entendo como é que um clube daqueles, com 2 mil pessoas a ver jogos e com o quinhentos a dirigir consegue ter o orçamento que tem, e ocupa o lugar que ocupa!

publicada por Pedro Mendes @ 17:09  

6 Comentários:

  • Às 03 março, 2006 10:30 , Blogger Gregório Freixo disse...

    Fabuloso caro PM!
    Desde os polícias "comó aço", à Catedral da Choupana, passando pelo Quinhentos e pelos Vitorianos madêrenses.
    Lindo.

     
  • Às 03 março, 2006 10:47 , Blogger Edmur disse...

    caro pedro mendes ( atençao que o homem ja disse para o tratarem pelo nome e nao por PM):
    fabulosa a tua descriçao, que por momentos me fez sentir a brisa maritima.Muito bom mesmo, e desde ja o insiro no top five dos post deste blog.
    Aquele abraço e viva o vitoria

     
  • Às 03 março, 2006 11:34 , Blogger ADEMIR ALCANTARA disse...

    Muito bom, temos um escritor de "short stories" em potência. Manda mais destas,

    Abraços Vitorianos

     
  • Às 03 março, 2006 12:42 , Blogger JC disse...

    A esse Hawks tenho-lhe a dizer que as ponchas são bem melhores no N.º 1, em Câmara de Lobos que na Camacha e que esses "chazinhos" não afectam facilmente homens do Norte.

    Depois digo-lhe que a esmagadora maioria dos madeirenses (e conheço muitos, para lá das 3 dezenas) se emborracha todos os dias, pelo que os polícias estarem grossos não me espanta nada. Aliás, fora do Funchal não vi um em toda a ilha.

    Depois ainda, vitorianos de várias partes do país conheço mais que um, como já disse. Mantenho o que estou farto de dizer: as paixões clubísticas não se explicam e ponto final, por muito que custe a alguns perceber isso.

     
  • Às 03 março, 2006 14:02 , Blogger Pedro Mendes disse...

    Oh PB,
    Está aí um defeito que não me importo que me apontem. aliás, nesse, como em outros pontos de vista, corroboramos da mesmas ideias. E ja agora, a parte da mulher do quinhentos, não foi um devaneio cerebral, pq eu vi-a e posso atestar que é bem boa!
    quanto ao amigo n'dinga, tenho que estar de acordo. aquela malta emborracha-se largo, policias incluidos!
    as ponchas gostei, apesar de terem que ser as duzias para me deitar abaixo, mas as melhores foram mm numa mercearia "turistizada" é certo,la pros lados la ribeira brava.
    E referir que aquela gente la na choupana é excelente e hospitaleira, e que troquei lá o nosso cachecol da uefa deste ano, pelo deles tb da uefa que tem uma frase genial"Não há gente com a gente". e é bem verdade.
    Viva o Vitória

     
  • Às 03 março, 2006 16:57 , Blogger CASCAVEL disse...

    Meus caros AMIGOS,
    Estou a ver que o espirito Carnavalesco continua "firme e hirto" nos mebros da blog.
    Continuem que estou a adorar.
    Saudações Vitorianas.
    P.S. "Pedrinho" MENDES (este gajo é um enganador!) só foi pena não teres trazido o contacto do Vitoriano "maderense", para lhe ser enviado o cartão de sócio do Vitória do filho dele.

     

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