29.10.09

Este sentimento anti-Vitória...

É preocupante este crescente sentimento anti-Vitória, que vai surgindo um pouco (muito) por todo o lado.

É uma constatação para a qual não tenho nenhuma justificação, por mais que sobre ela já me tenha debruçado.

Mas é irrefutável, a sua existência e o seu crescimento exponencial…

Este sentimento obsessivo, autêntica fobia, cresce como uma erva daninha, por todo o lado, nas mais variadas instituições e nos mais diversos protagonistas.

Vê-se nas arbitragens de futebol, onde é gritante a disparidade dos critérios disciplinares utilizados, implacáveis nas expulsões de Flávio Meireles e de Nuno Assis contra o Benfica, e completamente permissivos por exemplo no jogo violento e reincidente de Nelson Benitez no jogo com o Leixões. Vê-se também nos critérios técnicos destas mesmas arbitragens, nas grandes penalidades inventadas a favor do Benfica, ou então naquelas que foram ignoradas quando deveriam ser a nosso favor, nos jogos contra o Leixões ou o Sporting. E é uma disparidade que se pode ver em cada intervenção destes árbitros, na exuberância e na discrição, na permissividade e na intolerância, com que discriminam uns e outros. Mas esta mesma disparidade também pode ser encontrada no voleibol, onde as arbitragens conseguem distribuir uma série de cartões amarelos aos nossos atletas, no jogo do último fim de semana com o Castêlo da Maia, ou na final contra o Espinho na época passada (entregando-lhes o campeonato de bandeja) e que simultaneamente sempre poupou os constantes e exuberantes excessos de jogadores espinhenses como o Miguel Maia ou o Roberto Reis.

Tanto numa modalidade como noutra, fica-se com a sensação de que os árbitros já entram em campo com a determinação de ser absolutamente intolerantes em relação aos nossos atletas, ao invés daquilo que fazem com os nossos adversários a quem tudo parecem permitir. Agora, já não se trata apenas do constante benefício aos três estarolas. A intenção parece ser deliberada em prejudicar o nosso clube, independentemente do adversário que esteja em causa.

Mas não só os árbitros. As próprias federações são acometidas desta mesma fobia. Senão, veja-se só a enormidade da injustiça com que os casos do Sporting de Espinho e do Vitória foram julgados pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol. E a de Futebol também não deixa os seus créditos por mãos alheias, quando marca os jogos da selecção, ignorando uma e outra vez o nosso estádio e o apoio constante e abnegado da nossa massa associativa que “irritantemente” faz questão de lhes lembrar, semana após semana, como é que se vai enchendo um estádio, até mesmo aquando da nossa passagem pela Liga Vitalis. Ou ainda quando a Federação admite a hipótese de englobar os estádios de Braga e do Algarve no pretenso Mundial de 2018, uma vez mais ignorando o nosso.

A propósito deste assunto, gostaria de fazer aqui um pequeno parêntesis para dizer que sou absolutamente contra o aumento da capacidade de qualquer estádio português, seja ele qual for, porque não existe nenhuma assistência a nível nacional que o pudesse justificar, e muito menos a de Braga ou a do Algarve (este caso então, atinge foros de ridículo). Mas, se mesmo assim fosse necessário aumentar a capacidade de algum, esse só poderia ser, por maioria (absoluta) de razão, a do nosso estádio.

Mas, voltando ao essencial, até as instituições não-desportivas já foram atingidas por este mal que parece ser mais contagioso do que a nova doença da moda - a Gripe A. O tratamento com que a Polícia brinda os nossos adeptos, nas suas viagens ao Porto e a Matosinhos (em futebol e voleibol), é disso prova irrefutável. Lidam com a nossa massa associativa como se de autênticos facínoras ou celerados se tratassem, parecendo que as forças policiais esgotam em nós os seus esforços, ficando por outro lado praticamente indiferentes aos “bons rapazes” de outros clubes, que vandalizam áreas de serviço e deixam um rasto de destruição por onde quer que passem. Mas, até a PSP de Guimarães parece já ter sido contagiada. Segundo consta, terá feito um relatório dos (lamentáveis) acontecimentos que se seguiram ao jogo de voleibol com o Leixões, de tal maneira contundente que em muito terá contribuído para a injusta decisão do Conselho de Disciplina.

Esta verdadeira pandemia também já atingiu, e há muito tempo, a classe jornalística, que é incapaz de ver virtudes nas nossas vitórias, e qualquer demérito nas nossas derrotas, remetendo-nos sistematicamente para um papel secundário e sempre dependente daquilo que os outros fazem. Para estes pretensos arautos do rigor e da isenção, quando vencemos é por demérito do nosso adversário, e quando perdemos é porque fomos subjugados por eles. Exemplos desta postura são muitos, mas o expoente máximo deverá ser mesmo uma tal de Ana Rita Gomes, comentadora de voleibol. Mas, vê-se também na casmurrice que só pode ser intencional, dos jornalistas que insistem em referir-se ao nosso clube como sendo o “Guimarães”, apesar das inúmeras vezes em que essa designação já foi corrigida. Parece que uma pretensão do mesmo género foi bem mais fácil de satisfazer aos dirigentes de Leiria que só necessitaram de pedir uma vez, que o seu clube deixasse de ser designado por “o União”, e passasse a ser “a União”.

E, finalmente, temos as televisões. Alguém será capaz de me explicar qual o critério que leva a que os jogos do Vitória sejam persistentemente retirados dos fins de semana? “Normalmente”, são relegados para as sextas ou para as segundas. E agora, até às terças! Ou então às sextas, mas às seis da tarde!!! Qual a razão de isto só acontecer com o nosso clube? No voleibol, a discriminação é ainda mais evidente, chegando ao cúmulo do mais importante jogo do campeonato (o Vitória-Espinho) ter sido preterido em relação ao… Esmoriz-Benfica (!!!!!!).

E já só falo do futebol e do voleibol, porque são aqueles que mais acompanho. Por isso, não sei de que maneira é que esta situação se fará sentir nas restantes modalidades do clube…

Indiscutível mesmo, é que este sentimento anti-Vitória grassa e é preocupante.

Mas algo me preocupa ainda mais, que é o facto de eu não conseguir encontrar uma explicação plausível para este fenómeno.

E, se não formos capazes de identificar as suas causas, como poderemos nós lidar com esta situação que nos é tão adversa?...

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publicada por Ibraim @ 23:40  

7 Comentários:

  • Às 30 outubro, 2009 18:45 , Anonymous Anónimo disse...

    Pessoalmente, como já te disse, não vejo programas de televisão sobre desporto (nomeadamente aquelas conversas tripartidas inacreditáveis, todas, entre estarolas), não compro um só jornal desportivo e por aí fora.
    Não sei quem é essa gente de que falas Ana Rita ou lá quem é... não a leio. Conheço a Maria Rita, a do Duo Ouro Negro, mas essa dançava, não escrevia e, a julgar pelo entusiasmo do Raul Indipwo, devia ser uma brasa.
    Se toda a gente fosse como eu... às tantas os diários desportivos faliam e esses comentadores todos ficavam sem um belo rendimento.
    Depois, como ninguém os ouvia, ninguém se aborrecia.
    Para que precisa alguém de comentadores, se conhecer as regras dos desportos a que assiste, tiver dois olhos e um cérebro?

     
  • Às 30 outubro, 2009 23:35 , Blogger Lua disse...

    Subscrevo totalmente este comentário.Para obviar e dar
    uma "achega",seria bom associar-mo-nos e sempre que fosse oportuno e pertinente "encharcar" as redacções desses jornais com escritos, de tal forma que eles sen-
    tissem o peso do nosso VITORIA , e a nossa revolta.
    Por mim vamos a isso .

     
  • Às 01 novembro, 2009 02:12 , Blogger Marco Ribeiro disse...

    Na minha opinião a génese, pelo menos de parte, deste sentimento anti-vitória nasce de termos afrontado (com toda a razão) o dito sistema no processo da LC. Reparem como o folhetim oficial do fcp, o jornal oJogo, mudou de postura e atitude em relação ao Vitória, mesmo em detalhes como insistir em chamar sempre Guimaraes ao Vitoria.

     
  • Às 01 novembro, 2009 15:33 , Blogger Ibraim disse...

    O problema é muito mais abrangente, não se limitando à imprensa desportiva. Aquilo que mais me intriga é a predisposição dos árbitros para nos prejudicar (ainda ontem, no jogo de voleibol), e principalmente o envolvimento de instituições não-desportivas, como é o caso das forças policiais.
    Isso, meus caros, é que eu não consigo compreender...

     
  • Às 02 novembro, 2009 11:16 , Blogger CASCAVEL disse...

    No sábado, enquanto assistia ao VITORIA-benfica em voleibol, lembrei-me e por várias vezes do teor deste post.
    É de facto inacreditável o comportamento dos vários agentes que gravitam pelo desporto - árbitros, dirigentes, jornalistas, etc. - em relação ao Nosso clube.

     
  • Às 02 novembro, 2009 12:46 , Blogger Fidélio disse...

    Infelizmente, receio bem que não seja um problema exclusivamente vimaranense...é-o cá em maior dimensão porque esta cidade e o clube da cidade são vividos por todos nós com grande bairrismo. Senão vejamos : que cobertura tiveram a nivel nacional as comemorações dos 900 anos do D.Afonso Henriques? Alguma vez se viu uma reportagem sobre uma tradição verdadeiramente unica como as Nicolinas? Não; nem verá!
    Porque em Portugal a opinião publica é feita/fabricada pela comunicação social; e essa, por ignorancia, comodismo ou o que mais lhe quisermos chamar presume sempre que fora de Lisboa o país é povoado por rurais iletrados.
    Pegando no exemplo recente do VSC-SCP em futebol, foi gritante ver as reportagens diárias dos treinos do SCP e nem uma palavra sobre o clube que os ia receber de defrontar. Para efeitos de comunicação social, o Sporting jogou na 3ª feira contra 11 bidões colocados na relva, e nem assim conseguiu vencer.
    Creio que uma das formas de marcar posições seria o voto de silencio perante a comunicação social; deixa-los entrar mas simplesmente não lhes responder. Ou então usar de alguma ironia nas respostas...mas não vejo que a direcção do VSC tenha capacidade para usar de ironia e mordacidade...para isso era preciso não usar expressões como "retrospectiva ópatrás" ou "radiado"!

     
  • Às 03 novembro, 2009 00:14 , Blogger Paquito disse...

    Sobre isto acho duas coisas.
    Mais de natureza sociológica.

    A primeira já o disse um milhar de vezes e prende-se com a mexicanização da sociedade portuguesa, que não em particular no desporto mas nas mais diversas áreas da sociedade, se balcaniza em Lisboa (já nem o Porto conta para isto) fazendo de Portugal o único país europeu com um modelo de desenvolvimento sul-americano, de concentração de todos serviços, sector público, multinacionais numa só grande cidade, motivando um crescimento esclerosado, em torno de um grande quisto que absorve o país, enquanto tal, e como ele todo o seu potencial. E estes fenómenos são apenas uma consequência disto mesmo.

    A segunda tem um pouco que ver com a nossa maneirinha portuguesa de ser, que levaria muitos caracteres para conseguir explicar. Resumo nisto: bairrismos aparte, creio que Guimarães é a única cidade europeia de Portugal. A única que se orgulha no que tem, que faz questão de exibir com brio o que é seu, que não teme qualquer competição, onde os seus habitantes não sentem necessidade de dizer que são doutro local qualquer para se associarem a algo grande ou maior. São assim, são daqui, e têm muito orgulho nisso. Este é um sentimento razoavelmente comum pela generalidade das cidades europeias, todas cobertas de História, todas com amplas e históricas razões de inimizade ou sã rivalidade com outras cidades suas pares, que tentam desempenhar hoje o papel que crêem ter tido na História.
    Ora em Portugal isto não é assim. Somos todos pequeninos, e gostamos de o ser. Temos todos vergonha de ser donde somos, e sonhamos todos um dia poder dizer que somos de Lisboa, ou para os do Norte, do Porto. E sentimo-nos bem assim, pequeninos, eternamente tristes ou insatisfeitos com as nossas origens, agarrados a um qualquer fado, incapazes de pegar no que nos rodeia e tocá-lo para a frente, afirmá-lo. Ora neste cenário, Guimarães e muito particularmente os vimaranenses são de facto diferentes, não há temer dizê-lo: são melhores que os restantes! E não vejam nisto nenhuma afirmação cega de vimaranensismo, quem me dera que na outras cidades médias portuguesas se pensasse como nós aqui fazemos, tenho a certeza que teríamos um país melhor.
    Mas a verdade é que isso não sucede. E não sucedendo, dá azo a outra característica dos portugueses: a inveja. Se eu, português, por algum motivo, não consigo ser como aqueles, sou absolutamente incapaz de procurar imitá-los, de lhes reconhecer o mérito e seguir, nah... nada disso, há que os invejar, que os apoucar, que os reduzir, que os tentar destruir de alguma maneira. Esses fil='! da put& de Guimarães que têm a mania que são melhores que os outros... vamos fod»-%$# é o que é, para eles aprenderem a não ter a mania de pôr a cabecinha de fora.
    É, infelizmente ainda nos ficou muita coisa do salazarismo. E nós, em Guimarães, creio que padecemos dessa inveja muito própria deste país de se querer mal a quem é, tenta ser, ou apenas se sente melhor.
    É por isso que somos uma nação de medíocres.
    Sempre os medíocres se entreajudam para evitar que outros se mostrem melhor do que eles.
    É o nosso fado nacional.
    E nós em Guimarães padecemos disso.

    É esta a minha leitura.

     

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