15.3.10

Coroa de glória ou de espinhos ?...

Chegou a ser uma coroa de glória (igual à de Manuel Cajuda)...

No final da época de 2007/2008, um ano depois da sua eleição, a gestão de Emílio Macedo atingiu o seu auge, com a histórica qualificação para a Liga dos Campeões.

Durante esse primeiro ano de mandato, EMS conseguiu fazer o clube regressar à primeira divisão, e aí alcançar o terceiro lugar, culminando com o acesso à última pré-eliminatória da liga milionária. Nesse período, o voleibol foi campeão nacional, o basquetebol venceu a Taça de Portugal, o pólo aquático subiu à divisão principal e tivemos ainda vários títulos mundiais no kickboxing. Não sei qual foi o real papel de EMS em tudo isto, mas devemos reconhecer-lhe, no mínimo, o mérito de ter permitido que tal acontecesse.

A partir desta altura, ainda se fizeram (ou permitiu-se que acontecessem) coisas muito positivas, como a honrosa e inédita participação na Liga dos Campeões de voleibol, o título de vencedores da Taça de Portugal (também em voleibol), e ainda mais uma série de títulos nacionais, europeus e mundiais, no kickboxing.

Em tudo isto, deve ser reconhecido o respectivo mérito a EMS e à sua gestão.

Mas também foi neste último ano e meio, que EMS e a sua gestão entraram naquilo a que poderíamos chamar um ciclo negro da vida do nosso clube, em que prevaleceu a mentira, a falta de transparência e o laxismo na defesa da honra do clube e da sua massa associativa.

Tudo começou com uma impensável colagem ao Benfica, na ilusão que lhes foi vendida de assim garantir uma entrada directa na Liga dos Campeões, apostando no afastamento do FCPorto. Foi um enorme erro estratégico de EMS, que assim começou a comprometer a formação de um plantel suficientemente forte para enfrentar um adversário que quis a sorte que fosse até bastante acessível - o Basileia. A verdade é que o plantel era manifestamente mais fraco do que o da época anterior, o que acabou por comprometer a entrada na liga milionária. Por isso, o Vitória perdeu mais de cinco milhões de euros, montante que equivalia nessa altura a mais de metade do passivo do clube. Muitos são aqueles que responsabilizam o árbitro assistente do jogo de Basileia pela nossa eliminação, e é bem verdade que se não fosse esse roubo de catedral, o Vitória ter-se-ia apurado. Mas então os primeiros 175 minutos dessa eliminatória, não deveriam ter sido suficientes para a conseguir resolver, e não ficar à mercê das arbitrariedades do jogo e da desonestidade daquele "bandeirinha"? Ou será que simplesmente a equipa não era capaz de fazer melhor? Reduzir a responsabilidade desse fracasso apenas à equipa de arbitragem é querer branquear a falta de visão estratégica e a incompetência de EMS na planificação da época e na construção do plantel.

A preparação dessa eliminatória da Liga dos Campeões, exigia um forte investimento na formação do plantel. Esse investimento traria ao clube um retorno quase imediato, e EMS acobardou-se com um risco que só muito dificilmente algum dia voltará a ser tão pequeno. Na iminência de ganhar mais de cinco milhões de euros, EMS poderia ter investido com segurança quase esse mesmo valor. Se o tivesse feito, com certeza não teríamos ficado à mercê daquele "bendito" bandeirinha.

EMS não esteve à altura das exigências da Liga dos Campeões.

A verdade é que EMS não está à altura das exigências de um clube como o Vitória.

Mas voltando aos erros estratégicos do actual Presidente, então o que dizer do famoso protocolo com o Benfica?

E o que dizer das muitas promessas eleitorais que não se cumpriram (redução do passivo, construção de pavilhões, entre outras)?

E acerca da ruinosa estratégia na venda de jogadores?

E sobre a falta de visão na renovação de contratos com elementos fundamentais do plantel?

Mas, apesar de tudo, estes erros ainda são os menos graves.

Os mais graves têm a ver com a falta de honestidade que teve com os sócios.

Grave foi o facto de termos andado a ser enganados meses a fio com a valia do plantel e com as promessas de jogadores que deveriam ter chegado em Dezembro e que nunca chegaram. Foi exactamente nesta altura, que decidi que EMS jamais veria o meu voto, se por acaso tivesse a ousadia de se recandidatar. Para mim, como para muitos outros, EMS já estava "morto" e ainda não tinha dado por isso. Era esse o sentido do cartoon"Achmed, the dead terrorist", e não o de o considerar como um terrorista, como de resto chegou a ser comentado (enfim...).

Não é admissível que um Presidente engane quem o elegeu, e com quem é suposto ser honesto e verdadeiro.

Grave foi a passividade que mostrou na defesa da nossa honra (clube e adeptos), quando assistiu sem reacção digna desse nome, ao triste espectáculo com que o FCPorto nos recebeu (a nós e a ele próprio) no Estádio do Dragão.

Grave foi a falta de respeito que mostrou ter pelos sócios, pagantes e com lugar cativo, quando decidiu unilateralmente e sem dar satisfações a quem quer que seja, vender esses lugares aos adeptos do Benfica.

Este comportamento de EMS em relação à massa associativa, é absolutamente inaceitável, e não pode ser relevado por muitos que possam ter sido os seus méritos na fase inicial do mandato.


Se a coroa é de glória ou de espinhos?


Foi de glória, certamente, feita de estrelas brilhantes e reluzentes, talhadas em prata da Liga dos Campeões.


Mas EMS fez questão de virar cada uma dessas oito estrelas, uma após a outra, até que todas elas se pudessem enterrar bem fundo na sua cabeça, transformando essa coroa de glória naquilo que ela é hoje - uma verdadeira coroa de espinhos.


Para ele e para todos nós...


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publicada por Ibraim @ 20:33  

5 Comentários:

  • Às 16 março, 2010 00:13 , Blogger Saganowski disse...

    Fantástica análise e magistral caricatura!

    Aquilo a que os brasileiros chamam "um verdadeiro gol de placa"!

     
  • Às 16 março, 2010 10:19 , Blogger Miguel disse...

    Concordo em absoluto com o texto. Por isso mesmo, não verá o meu voto.
    Senti desde a pré eliminatória a Liga dos Campeões o que senti nos último anos de direcção Pimenta. Com uma agravante, a má gestão do plantel e das finanças foi absolutamente atroz.

    Isto gente que agora se candidata são grupos de mafiosos, sedentos de protagonismo, fama barata e favores empresariais.

    Por favor, precisamos de um PRESIDENTE urgentemente.

     
  • Às 16 março, 2010 15:30 , Blogger Paquito disse...

    Isto é, como dizia o Pacheco, uma faca de dois legumes...
    Eu concordo com análise do nosso Ibraim, aliás, ele sabe que já tivemos ambos oportunidade de o dizer directamente ao portador da coroa.
    A questão, ou melhor, o problema, é a (im)possibilidade de raciocinar em alternativa.

    Creio serem justas todas as críticas que são feitas à gestão EMS, como aliás, já eu próprio as fiz por diversas vezes.
    A deficiente preparação da época da Liga dos Campeões e consequente desaproveitamento de uma oportunidade histórica, a compra de jogadores, ainda agora em Dezembro, dos quais nem um joga, o protocolo com o Benfica, que até é o clube com maior poder no cenário actual, do qual nós não beneficiamos praticamente nada (Urreta, João Ribeiro, etc...) enquanto o Braga tem a equipa praticamente feita pelo FCP, entre muitos outros defeitos que foram sendo avançados no post do Ibraim.
    Mas em abono da verdade e justiça, deveremos considerar com igual importância aqueles que foram os pontos positivos da gestão EMS, como, recordo, a subida de divisão quando estávamos enterrados na tabela, o 3º lugar conquistado na época seguinte, que como sabem, foi o 5º da nossa História, o apuramento para a Liga dos Campeões, a aposta em jogadores da nossa formação como não me lembro no passado (esta época temos tido 5/6 jogadores a titulares da nossa formação), e sobretudo, aquilo que nunca tivemos, intencionalmente, na era Pimenta Machado, que é a obtenção de uma certa estabilidade classificativa (3º, 8º e para já 5º).
    Sendo isento, creio deverem ser pesados os factores negativos vs os factores positivos.

    Mas o problema não está aqui!
    Pobre do clube que tem para escolher candidatos da craveira dos que se nos apresentam. Claro que avança quem quer, e avançou quem teve coragem para isso, mas que diabo, não gosto de escolher pela negativa, gosto de escolher com base em projectos, candidatos, equipas, etc.
    Porque a verdade é que já vi muita gente aqui dizer que não votaria nunca no EMS, por motivos devidamente sustentados em argumentos sólidos, portanto, uma posição de verdadeira consciência. Mas ainda não vi ninguém dizer que apoiava o candidato Manuel Pinto Brasil (MPB), ou seja, corre-se o risco de termos um presidente por ser o que calhou de estar contra o EMS...

    Quanto a mim - e com todo o mais absoluto respeito pelas posições dos restantes - a circunstância de eu fazer um balanço francamente negativo do mandato EMS não me leva, por si só, a decidir o meu voto no candidato MPB. Não apenas por não gostar de decidir pela negativa, como sobretudo - e este é o ponto - por a alternativa não me inspirar a mínima confiança de que as coisas sejam diferentes, para melhor.
    Pode-se votar negativamente se a alternativa for credora de confiança, neste caso e na minha opinião, não pressinto sequer que o candidato MPB saiba ao quem vem, tendo ouvido com cuidado a sua entrevista à Rádio Santiago e visto e ouvido os debates no Porto Canal e Antena 1 a situação é francamente confrangedora... então aquela de fazer o novo complexo porque os materiais de construção estão agora mais baratos e que ficaria localizado perto do aeroporto Francisco Sá Carneiro "por uma questão de charme", francamente, poderia ser inscrito nos melhores registos humorísticos, mas sem piada nenhuma, foi revelador de que nunca tinha pensado seriamente no assunto (um dos seus principais projectos) tendo culminado que poderia ficar para os lados de Joane...

    Se um é mau o outro não é melhor, depois de ouvir os debates só pensei, e lamentei: porque raio não escolheram os candidatos fazer debates só para a malta de cá ver e ouvir, tinha logo que ser em órgãos nacionais...!?
    É esta, pelos vistos, a nossa realidade.
    Mas custa-me ver o meu Vitória a ter que escolher entre alternativas do calibre das que temos para escolher.

     
  • Às 16 março, 2010 16:41 , Blogger CASCAVEL disse...

    Genericamente de acordo com quase tudo.
    Discordo, contudo, da tão falada "aliança europeia com o slb".
    Continuo a achar que o VITÓRIA fez o que tinha que fazer no seu legitimo interesse.
    Eu não perdoava aos Dirigentes do meu clube que "não fizessem tudo" para colocar directamente o VITÓRIA na "champions league", depois do porto ter assumido, de forma expressa, a condenação, por corrupção, de que foi alvo.
    Era essa, na minha opinião, a sua obrigação enquanto representanates ods sócios.
    E era essa a obrigação deles, estando "do nosso lado" o benfica, Salvaterra de Magos ou Real Madrid e estando "no lado contrário" o fcp, Messinense ou Man United.
    Daí que continue a achar que fizemos aquilo que tinhamos obrigação de fazer.
    Diferente é a questão do protocolo, em que a única coisa positiva que encontro foi a cedência, ainda por cima em termos definitivos, do N. Assis.
    Discordo também, ainda que com algumas reservas, do "forte investimento" que preconizas no ataque à Liga dos Campeões.
    Que houve algum desleixo na construção do plantel parece-me uma evidência, agora também tenho algumas reservas se o investimento deveria ser maior (parece-me, das tuas palavras, que entendes que se devia "ter perdido um pouco a cabeça" na procura do "eldourado").
    Tenho algumas reservas sobre isso?!?!?
    É verdade que nos saiu, na "rifa", um modestissimo Basel mas também é verdade ser este claramente a excepção à regra que apontaria para um adversário melhor, muito melhor mesmo (penso que nos "potes" não havia adversário mais acessivel que os Suiços).
    Daí a dúvida: e se tivesse sido feito esse "investimento avultado" e nos saisse em sorte um adversário incomparávelmente melhor, como seria expectável.
    Seria suficiente o investimento para chegar ao tal "eldourado"?
    Tenho dúvidas, muitas dúvidas mesmo.
    Finalmente, meu caro Ibraim, o futuro.
    Tenho dúvidas e daí o meu receio pelo que aí vem......
    Os candidatos parecem-me fracos, daí a minha desconfiança.
    Espero, se ganhar EMS, que aprenda com os erros cometidos (e foram bastantes...), se ganhar MPB que tenha a humildade de perceber que não sabe nada, nem percebe nada do que é o VITÓRIA e, por isso, delegue nos seus companheiros, em quem pelo menos aparentemente confia, para ajudar a gerir os destinos do clube.
    Pela minha parte, confesso a minha indecisão!?!?!

     
  • Às 17 março, 2010 23:15 , Blogger Unknown disse...

    VERGONHA PERANTE O PAÍS!
    É o meu comentário ao debate que agora terminou na SportTV.
    Uma peixeirada intolerável, um linguajar grosseiro, um constante falar por cima do outro (sobretudo pela parte do candidato MPB), uma completa falta de nível.
    Sinceramente, os candidatos ao Vitória não se candidatam propriamente a Presidente da República, mas que diabo, isto não precisava de ser assim, não precisava de ver o meu clube, o tal 4º maior deste país, assim disputado.

     

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