D. Afonso Henriques

O icebergue do nosso descontentamento

…ou “A Iminência de um Naufrágio”

Estou revoltado com o roubo da passada 4ª feira.

Sinto a impotência do velhinho assaltado por um qualquer rapazote, sem possibilidade de reagir adequadamente à cobardia de quem sabe acabar impune.

Escrevo estas palavras apenas agora porque não queria que a emoção se sobrepusesse à razão.

Mas continuo revoltado… porque me sinto impotente… como o velhinho assaltado pelo rapazote.

Infelizmente, isto é apenas a ponta do nosso icebergue.

Não nos iludamos com isto.

Não permitamos que nos iludam com isto!

Porque agora vão querer convencer-nos que a responsabilidade da nossa eliminação se limita à equipa de arbitragem e aos senhores da UEFA.

Ninguém tem dúvidas de que fomos realmente roubados, de que se tal não tivesse ocorrido, hoje estaríamos felizes a discutir os novos adversários e as próximas dificuldades na Liga dos Campeões… e estaríamos mais ricos.

Mas também não se poderá escamotear uma outra verdade.

A de que o Vitória, embora se tenha esforçado, jogou pouco, jogou mal… jogou muito mal.

O árbitro assistente é apenas a ponta do icebergue… o icebergue do nosso descontentamento.

Sempre nos quiseram convencer que a equipa se mostraria à altura das necessidades quando o tempo fosse chegado.

Disse-o o nosso presidente… e disse-o o nosso treinador, que assim ficou refém dessa situação.

Pois bem, meus senhores… a equipa não esteve à altura!

Não esteve, não está e não estará!

Não esteve à altura da Liga dos Campeões, não está à altura da equipa da época passada, e não estará à altura da taça UEFA (e temo que nem do nosso campeonato).

Esta equipa, está a anos-luz de outras anteriores, como a de Paulinho Cascavel, Ademir Alcântara, Nascimento e Basílio.

Para a Liga dos Campeões, o Vitória precisava de ter a melhor equipa de sempre. A oportunidade exigia-o. E a equipa do ano passado até era uma boa base para conseguir isso.

Não podia era ter sido delapidada como foi.

E se tal fosse inevitável, então teria de ser devidamente compensada.

O senhor, senhor Presidente, enganou-nos!

E o senhor, senhor Cajuda, também nos enganou, a partir do momento que se assumiu como cúmplice das escolhas efectuadas.

Não pensem que conseguirão esconder-se atrás da equipa de arbitragem e dos senhores da UEFA.

Explique-nos, senhor Cajuda, porque razão atraiçoou a confiança que tínhamos em si, ou então, porque acedeu a dizer algo em que não acreditava.

Explique-nos, senhor Presidente, porque é que foi mais importante contestar a participação do FCPorto na Liga dos Campeões, do que acautelar devidamente o reforço da equipa.

Explique-nos, senhor Presidente, porque é que a construção da equipa tem sido, para si, uma prioridade menor.

Explique-nos, senhor Presidente, quais são as suas prioridades.

E para terminar, senhor Presidente, contas de merceeiro (sem ofensa para tão honrada profissão).

Acha que a receita resultante da venda do Geromel, e da poupança com o salário do Ghilas, é superior aos 5,4 milhões que poderia ter ganho com o apuramento de ontem? Isto para não falar das receitas que se seguiriam, por muito má que a carreira pudesse eventualmente ser.

Acha que a sua estratégia foi eficaz, senhor Presidente?

E agora, o que vamos nós fazer no resto da época?

E como será possível esquecer tudo isto, quando no próximo dia 20 formos votar ?