D. Afonso Henriques

Numa altura em que já vai sendo ultrapassado o trauma que constituiu o afastamento da fase de grupos da "champions league" e que o campeonato, por força dos jogos das Selecções Nacionais, tem uma paragem de 2 semanas, impõe-se, na minha opinião, em jeito de desabafo, dizer o seguinte:
Esta temporada, que era só a temporada mais importante da história desportiva do VITÓRIA, foi pessimamente preparada.
De facto, sabendo-se que as competições Europeias foram garantidas em Março e o acesso à pré- eliminatória da champions em Maio e sabendo-se, ainda, que a temporada terminou em meados do mesmo mês, a preparação da temporada 2008/2009 (a tal que era a mais importante do clube) foi pessimamente preparada, a revelar um amadorismo confrangedor, que não se compadece com o futebol moderno, altamente profissionalizado.
Bem sei, todos sabemos, que aquilo em Basileia foi um "roubo de igreja" mas, mesmo assim, na minha opinião, isso não pode, nem deve, explicar tudo.
Penso ser razoável aceitar que com uma equipa devidamente estruturada e, sobretudo, a tempo e horas, conseguiriamos afastar o Basel, que, como tivemos oportunidade de assistir, era uma equipa perfeitamente ao alcance dum VITÓRIA "normal", se quisermos ao nível do da temporada passada.
Como é sabido nada disto foi feito o que, a este nível, é imperdoável.
Não podia o VITÓRIA, de forma alguma, ter esperado (e desesperado) pelas sobras do benfica; não podia, de forma alguma, ter fechado o plantel 5 dias antes do jogo mais importante da história do clube; não podia, de forma alguma, perder 3 dos mais importantes jogadores do plantel passado e essas saídas (praticamente todas esperadas e há muito tempo) não serem devidamente compensadas com a chegada de jogadores ao nível dos que sairam.
O problema é que esta forma de (mal) preparar as temporadas desportivas tem sido, infelizmente, um tradição no clube.
Ao longo dos últimos anos a uma boa temporada segue-se invariavelmente uma temporada fraca, para não dizer medíocre.
E a razão de ser desta medíocridade assenta, quase sempre, em deficientes formas de estruturar as equipas. Ou através do menor critério na escolha dos jogadores, ou por força da chegada tardia dos mesmos ou, então, por causa do desinvestimento na equipa de futebol fruto dos "défices" e/ou "passivos".
E desta forma lá se vão perdendo as oportunidades, umas atrás das outras.
E são estas perdas de oportunidade que dificultam o crescimento do clube, o tal salto em frente que vimos reclamando.
Estes momentos (os das grandes temporadas), que são de enorme empolgamento, carecem, por parte de quem dirige o clube, de um bocadinho de ambição, que este ano, mais uma vez, não houve. E não estou a pedir que se perca a cabeça......
Na minha opinião acho que este ano, mais uma vez, foi isto que faltou. Um pouco de ambição, numa altura em que os sócios cresceram, o entusiasmo do "povo" cresceu, as receitas cresceram, era fundamental para que o clube desse o "tal" salto que ajudasse a potenciar, ainda mais, esse crescimento.
Um salto de aproximação aos que estão à nossa frente e afastamento, que a acontecer será sempre definitivo, aos que nos presseguem.
Porque Nós, ao contrário destes, temos condições para lá chegar, porque temos aquilo que a eles falta: a paixão e o entusiasmo pelo clube.
Eles até podem ter outras coisas que, de momento, nos faltam, como seja a ausência de passivo, mas Nós temos o essêncial que eles nunca terão: a tal paixão ao clube.
É por isso que esses lubes, por muito que tentem, nunca conseguirão lá chegar, já que lhes falta o essêncial.
É este aproveitar das oportunidades, por força das condições que temos e os outros não têm, que mais uma vez foi desperdiçado. E isto é, na minha opinião, imperdoável. Imperdovável porque havia condições objectivas para ser conseguido e, por desleixo ou falta de ambição, não foi.
E desta forma o marásmo continua.
O VITÓRIA continua a ser grande mas sem se chegar aos maiores.
Continuámos a ter uma época boa e logo a seguir vem uma fraca, depois outra razoável e assim sucessivamente até se chegar a lado nenhum ou, se preferirem, até se chegar onde já estivemos, numa espécie de "pescadinha de rabo na boca".
Eu, de uma vez por todas, não quero mais isto para o meu clube, como acho que os sócios também estão fartos desta "rodinha" que nos leva sempre ao mesmo sítio.
Está na hora de se dar um passo em frente ou então perder definitivamente a ilusão de ver o clube alcançar o patamar onde claramente pode chegar.
Torna-se imperioso que, quem tem a missão de gerir o clube, saiba o que quer fazer e para onde o quer levar.
As oportunidades serão cada vez menores e o VITÓRIA, ao longo dos anos, já desperiçou oportunidades em demasia.
Espero que a próxima (se houver próxima) seja de vez.